SISTEMAS DE PROJEÇÕES ORTOGONAIS.
Ângulos Diedros
A representação de objetos tridimensionais por meio de desenhos
bidimensionais, utilizando projeções ortogonais, foi idealizada por Gaspar Monge no
século XVIII. O sistema de representação criado por Gaspar Monge é denominado
Geometria Descritiva.
Considerando os planos vertical e horizontal prolongados além de suas
interseções, como mostra a Figura 3.1, dividiremos o espaço em quatro ângulos
diedros (que tem duas faces). Os quatros ângulos são numerados no sentido
anti-horário, e denominados 1º, 2º, 3º, e 4º Diedros.
Utilizando os princípios da Geometria Descritiva, pode-se, mediante figuras
planas, representar formas espaciais utilizando os rebatimentos de qualquer um dos
quatro diedros.
Entretanto, para viabilizar o desenvolvimento industrial e facilitar o exercício
da engenharia, foi necessário normalizar uma linguagem que, a nível internacional,
simplifica o intercâmbio de informações tecnológicas.
Assim, a partir dos princípios da Geometria Descritiva, as normas de Desenho
Técnico fixaram a utilização das projeções ortogonais somente pelos 1º e 3º diedros,
criando pelas normas internacionais dois sistemas para representação de peças:
• sistema de projeções ortogonais pelo 1º diedro
• sistema de projeções ortogonais pelo 3º diedro
O uso de um ou do outro sistema dependerá das normas adotadas por cada
país. Por exemplo, nos Estados Unidos da América (USA) é mais difundido o uso do
3º diedro; nos países europeus é mais difundido o uso do 1º diedro.
No Brasil é mais utilizado o 1º diedro, porém, nas indústrias oriundas dos
USA, da Inglaterra e do Japão, poderão aparecer desenhos representados no 3º
diedro.
Como as normas internacionais convencionaram, para o desenho técnico, o
uso dos 1º e 3º diedros é importante a familiarização com os dois sistemas de
representação.
A interpretação errônea de um desenho técnico poderá causar grandes
prejuízos.
Projeções Ortogonais pelo 1º Diedro
As projeções feitas em qualquer plano do 1º diedro seguem um princípio básico que determina que o objeto a ser representado deverá estar entre o observador e o plano de projeção, conforme mostra a Figura 3.2.
A partir daí, considerando o objeto imóvel no espaço, o observador pode vê-lo por seis direções diferentes, obtendo seis vistas da peça. Ou seja, aplicando o princípio básico em seis planos circundando a peça, obtemos, de acordo com as normas internacionais, as vistas principais no 1º diedro.
Para serem denominadas vistas principais, as projeções têm de ser obtidas
em planos perpendiculares entre si e paralelos dois a dois, formando uma caixa.
A Figura 3.3 mostra a peça circundada pelos seis planos principais, que
posteriormente são rebatidos de modo a se transformarem em um único plano. Cada
face se movimenta 90º em relação à outra.
A projeção que aparece no plano 1(Plano vertical de origem do 1º diedro) é
sempre chamada de vista de frente.
Em relação à posição da vista de frente, aplicando o princípio básico do 1º
diedro, nos outros planos de projeção resultam nas seguintes vistas:
• Plano 1 – Vista de Frente ou Elevação – mostra a projeção frontal do
objeto.
• Plano 2 – Vista Superior ou Planta – mostra a projeção do objeto visto
por cima.
• Plano 3 – Vista Lateral Esquerda ou Perfil – mostra o objeto visto pelo
lado esquerdo.
• Plano 4 – Vista Lateral Direita – mostra o objeto visto pelo lado direito.
• Plano 5 – Vista Inferior – mostra o objeto sendo visto pelo lado de baixo.
• Plano 6 – Vista Posterior – mostra o objeto sendo visto por trás.
A padronização dos sentidos de rebatimentos dos planos de projeção garante
que no 1º diedro as vistas sempre terão as mesmas posições relativas.
Ou seja, os rebatimentos normalizados para o 1º diedro mantêm,em relação à
vista de frente, as seguintes posições:
• a vista de cima fica em baixo;
• a vista de baixo fica em cima;
• a vista da esquerda fica à direita;
• a vista da direita fica à esquerda.
Talvez o entendimento fique mais simples, raciocinando-se com o
tombamento do objeto. O resultado será o mesmo se for dado ao objeto o mesmo
rebatimento dado aos planos de projeção.
A figura 3.4 mostra o tombamento do objeto.Comparando com o resultado das vistas resultantes
dos rebatimentos dos planos de projeção, pode-se observar:
• O lado superior do objeto aparece em baixo e o inferior em cima, ambos em relação à posição
frente.
• O lado esquerdo do objeto aparece à direita da posição de frente, enquanto o lado direito
está à esquerda do lado da frente.
A Figura 3.5 mostra o desenho final das seis vistas.
Observe que não são colocados os nomes das vistas, bem como não aparecem as linhas de limite dos planos de projeções.
É importante olhar para o desenho sabendo que as vistas, apesar de serem desenhos bidimensionais, representam o mesmo objeto visto por diversas posições.
Com a consciência de que em cada vista existe uma terceira dimensão escondida pela projeção ortogonal; partindo da posição definida pela vista de frente e sabendo a disposição final convencionada para as outras vistas, é possível
entender os tombos (rebatimentos) efetuados no objeto.
Outra conseqüência da forma normalizada para obtenção das vistas principais
do 1º diedro é que as vistas são alinhadas horizontalmente e verticalmente.
Para facilitar a elaboração de esboços, como as distâncias entre as vistas devem ser visualmente iguais, pode-se relacionar as dimensões do objeto nas diversas vistas, conforme mostra a Figura 3.6.
Verticalmente relacionamseas dimensões de comprimento, horizontalmente
relacionam-se as dimensões de altura e os arcos transferem as dimensões de largura.